09.08.21

Como a nutrição determina a sua expectativa de vida saudável

Artigo

O quadro da saúde no mundo sofreu mudanças consideráveis nos últimos anos. Os avanços da medicina permitiram o maior controle das doenças infecciosas e uma considerável redução na taxa de mortalidade infantil. A expectativa de vida passou de 50 para 75 anos de 1900 até o momento. Por outro lado, existe um índice que cresceu até certo ponto, mas vem regredindo: a expectativa de uma vida saudável, ou seja, a vida sem a presença de uma doença crônica não transmissível (DCNT) é de 61 anos no Brasil, e vem caindo. Ou seja, as pessoas passam a ter DCNT mais cedo, e, o pior, a ocorrência está aumentado entre jovens e crianças.

As DCNT são responsáveis por 70% das mortes no Brasil a cada ano, sendo 40% destas mortes na faixa de 30 a 70 anos de idade. Mortes prematuras, se considerarmos a expectativa de vida. São quatro os fatores de risco considerados controláveis para as DCNT: o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas, o sedentarismo e, principalmente, a alimentação inadequada. Estima-se que a metade dos custos com saúde são gastos com as DCNT: obesidade, hipertensão, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, insuficiência renal, insuficiência pulmonar crônica, câncer e demência. Os gastos totais do SUS em 2019 foram de aproximadamente R$ 300 bilhões, sem contar a Covid-19. Ou seja, com DCNT foram gastos R$ 150 bilhões, ou aproximadamente 20% do faturamento da indústria de alimentos do Brasil no mesmo período.

O Reino Unido, que tem um sistema de saúde unificado como o do Brasil, porém mais abrangente, reconhece a dificuldade de implantar uma política de saúde preventiva que seja eficaz; seja pela complexidade do assunto; seja pela ineficácia das atuais diretrizes nutricionais, quase que consolidadas a nível mundial; seja pela inadequabilidade da medicina convencional, que trata apenas de tentar controlar as doenças com medicação, mas que é incapaz de as curar ou evitar. Uma alternativa do governo daquele reino é o apelo às empresas para que façam parte de um programa de saúde preventiva, com suporte à divulgação de informações e com a implantação de medidas concretas para intervir nos programas de alimentação e no ambiente de trabalho de seus funcionários.

Alimentação inadequada pode resultar em subnutrição, ou em excesso de peso. Enquanto o primeiro problema está em declínio no Brasil, o segundo passou a ser uma epidemia. Atualmente, um em cada três adultos e um em cada três jovens ou crianças estão com excesso de peso. E estas frações vêm aumentando a cada ano, numa curva ascendente cuja inclinação cresceu a partir da década de 1970. A diabetes tipo 2 caminha atrás, com uma defasagem de 10 a 12 anos, com as demais DCNT em sua esteira.

A pandemia da Covid-19 colocou em evidência este problema. Em 96% das mortes a vítima apresenta ao menos uma DCNT como comorbidade: 66% tinham hipertensão, 29,8% diabetes tipo 2, 27% isquemia cardiovascular, 23,1% arritmia e 20,2% deficiência renal crônica.

Nem tudo está perdido. O tabagismo e o consumo de álcool podem e devem ser controlados. Sobrou o sedentarismo e a alimentação para evitar e tratar as DCNT. Se considerarmos que num programa de controle de peso a importância do nível de atividade é de apenas 5% e a alimentação é 95%, uma alimentação efetivamente saudável é o caminho para o aumento da expectativa de vida saudável, a extensão da vida produtiva e, ao final, a longevidade.

O que é melhor: ao mudar seus hábitos alimentares, o retorno vem rápido. Muitas vezes em 30 dias já são verificadas melhorias consideráveis em muitos índices de saúde e em seu sistema imunológico. Importante lembrar que, mais importante que a quantidade, a qualidade do que se come é o que vai determinar a perda ou ganho de peso, o aporte dos nutrientes essenciais à saúde, o correto funcionamento de seu metabolismo e até a quantidade do que cada pessoa come!

Avatar Mari Abreu

Por

Mari Abreu

Nutricionista


Renomada nutricionista em Florianópolis, Mari Abreu é uma profunda conhecedora das estratégias alimentares Paleo e Low Carb. É nutricionista, coordenadora clínica no Checkup Executivo Baía Sul, na capital catarinense, e diretora da Healthy & Safe Place to Work (HSPW).

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